«Portanto, a liberdade da Virgem é fundamentalmente "responsiva" [por causa da assimetria entre nós e Deus, p. 421]. É aceitação, consentimento. É precisamente um ecce, um abrir-se para um acolher, um esvaziar-se que permite em encher-se. Tal é a forma básica da fé.
A fé, como suprema ação do homem frente a Deus, não é uma ação, mas, antes, uma permissão. Não é amar, mas deixar-se amar. É como o wu-wei da sabedoria taoísta: uma não ação que é, no entanto, uma ação fontal, ação que, imóvel em si mesma, põe tudo em movimento.
Eis algumas máximas dessa sabedoria: "Age sem agir, e nada ficará por realizar." "Pratica o não agir. Deixa que atue a não ação." "Saber avançar sem mover-se; conquistar sem usar armas." Só quem sabe se exercer nessa forma profunda de atividade nessa forma profunda de atividade é que poderá operar uma transformação em profundidade.
O resto é mera agitação ou, pior ainda, violência.»
Clodovis Boff. Mariologia Social, p. 422
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